quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Atenção 8º e 9º ano!


Da Janela Lateral

Ratto

Da janela lateral, do quarto de dormir
Vejo uma igreja um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade e um velho sinal
Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou
Você não quis acreditar,
mais isso é tão normal
Você não quis acreditar,
e eu apenas era
Cavaleiro marginal lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
Sem querer descanso nem dominical
Cavaleiro marginal, banhado em ribeirão
Conheci as flores e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Eu olhava da janela lateral,
Do quarto de dormir
Você não quis acreditar,
mais isto é tão normal
Você não quis acreditar,
mais isto é tão normal
Um cavaleiro marginal,
banhado em Ribeirão
Você não quis acreditar...
Disponível em <http://letras.mus.br/ratto/1313840/>.

Profª Josy



O olhar Geográfico!


De olho na Geografia

O OLHAR DE UM PROFESSOR DE GEOGRAFIA

Por Celso Antunes

Pense em um cientista debruçado sobre um microscópio e acompanhando com atenção e interesse a evolução de uma célula qualquer. Com essa descrição não é possível saber em qual ramo das ciências se concentra seu estudo, mas uma coisa é certa. Esse cientista, provavelmente, não é um geógrafo, pois Geografia é a ciência dos espaços amplos, das grandes paisagens. Um biólogo, por exemplo, pode dedicar sua vida de pesquisas a uma folha ou a único inseto. Um geógrafo não ignora essa folha e esse inseto, mas o examina no amplo contexto da paisagem em que o inseto ou a folha se encontram e qual o papel deste contexto sobre sua vida e o papel de sua ação transformando esta paisagem. 
Para o biólogo a folha e sua árvore, o inseto e seu habitat, para o geógrafo a paisagem vegetal e seu espaço, o mundo animal e suas correlações com a natureza e com as pessoas. 
Esse cuidado é sempre muito importante para quem ensina a Geografia. Não existe um fato geográfico em um único fenômeno, seja esse acidente um planalto ou uma cidade, e sim na análise cuidadosa desse fenômeno interagindo com seu entorno e suas muitas relações com as pessoas. 
Um vulcão, por exemplo, torna-se “fato geográfico” quando se localiza o lugar em que está, quando se examina suas características e origem, se percebe sua ação e os riscos sociais da mesma. Quando se examina a lava que expeliu e que, tempos depois, se transformou em solo, justificando a ocupação humana e a atividade agrícola, exigindo estradas e tornando viável o comércio dos produtos que se cultiva e de outros tantos necessários a esses agricultores. Como bem explicava o geógrafo Milton Santos (SANTOS, MILTON. A natureza do espaço: técnica e tempo: razão e emoção. São Paulo, Hucitec, 1996) o espaço geográfico é a configuração territorial dos objetos geográficos e seu conteúdo social, a vida que lhes dá sentido e os anima. No exemplo do vulcão citado, é ele o “objeto geográfico” e é a análise de seu “conteúdo social” que lhe dá sentido e o anima.
Um professor de Geografia, quando contempla qualquer morro, logo pensa em globalização, aparentemente distante de seu olhar, mas sabe que a distância apenas se aparenta, pois quem no morro mora usa coisas que compra na cidade ativando comércio, agitando importações. Para as pessoas comuns, o morro que este professor enxerga é somente morro, somente floresta, somente rancho, quem sabe? 
Mas, como professor de Geografia que é, aprendeu que terras e homens se integram e nessa interação muitas vezes o clima ou a selva calam o homem, mas este, com suas ferramentas, modela e esculpe novas naturezas, alterando o clima, domando selva, que não se imaginou contida. Na simplicidade das pessoas que habitam morro, se mostra presente a China e a Tailândia, a Coreia e o Paraguai. O morro que agora olha é espaço geográfico, é fato que esculpe interações. 


Celso Antunes é bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo, mestre em Ciências Humanas e especialista em Inteligência e Cognição. Membro consultor da Associação Internacional pelos Direitos da Criança Brincar, reconhecida pela UNESCO, é autor de cerca de 180 livros.  

Matéria publicada na Revista Direcional Educador - Edição 63 de abril/2010


Profª Josy